31 de março de 2014

Histórias (i)reais... Paixão Flamenca

Ilustração Madalena Guarda


Olhos bravos e quentes como hortelã da ribeira e pimenta caeina.
Cabelo negro como cravinho com aroma de flor de laranjeira.
Lábios ardentes como malagueta encarnada e sabor a canela picante.
Pele macia como veludo de pêssego. 
Amapola, Amapola, onde bailas tu minha bela flor cigana andaluza?
No ar, o cheiro de lenha queimada de uma fogueira a crepitar, um carroção decorado e pintado de verde e carmim com os seus dois belos Gypsy Cob,  e um outro cavalo de crinas brancas com longos pêlos nas patas a mordiscar a erva rasteira que teima crescer por debaixo da azinheira.
Uma mantilha bordada a seda colorida solta na liberdade da noite clara.
A lua emoldurada no céu.
Molhos de folhos que nem pétalas de rosa revolvem a terra ocre e, um baile de renda e lunares brancas brilham como estrelas cadentes na noite, ao redor do lume alaranjado, de fulgor flamejante. As sombras fundem-se com o pó num só.
A compasso, o sentimento espontâneo de duende transmuta-se nas línguas de fogo, nas palmas sincronizadas que o vento espalha, com o trinar de uma guitarra flamenca e negras castanholas.
Mãos adornam e expressam silenciosamente as lágrimas de emoção, de sentimento, de desafio,  de riso, com olhar misterioso e envolvente...
Pés que fixam raízes e se ligam à Terra de ninguém e taconeiam vida ao Criador como tambores tribais.
Corpos enlaçados de aura rosa e em movimentos de flamingo, uma luta de conquista na dança da paixão até ao Amor.  
El cante, el toque, el baile... União de certezas raras e únicas vividas num só momento.
E por fim, com uma chuva de fogo meteórico,  Amapola adormece abraçada no encontro de dois corações.
 É a saudade do calor do sol que me aqueceu a alma para temperar o post  da tarde , com sabor a andaluzia.
Boa semana!


19 de março de 2014

O cavalo Azul

Estudo de azulejo / Ilustração Madalena Guarda

Na aurora do alvorecer, Azul galopava com o vento para esperar o acordar do sol e receber a sua energia abençoada por entre a floresta de sobreiros.
Azul gostava de ver o espreguiçar solar e de saudar o rei das estrelas.
Quando os raios dourados do rei sol, reflectidos na água doce da barragem despertavam as cores do montado, Azul dava pinotes e relinchava eufórico por mais um dia de alegria jubilar.
Feita a saudação matinal, a trote e de pescoço altivo, Azul serpenteava os sobreiros e esboçava um sorridente cumprimento aos habitantes do Montado Alentejano que lhe fora confiado:

- Bom dia dona Raposa! – Dizia Azul.
- Bom dia Azul! - Respondia a raposa.

Na clareira, as lebres saltitavam na frescura da manhã e lambiam o orvalho nos líquenes  e cogumelos agarrados aos troncos, junto ao cercado das valas.
As abelhas pintadas de ouro, zoavam por entre flores, atarefadas na recolha do pólen para o mel.   
O chocalho do rebanho de ovelhas, tilintava no silêncio silvestre.
A águia imperial cobria o território em voo planado em busca do pequeno-almoço e o rato do campo, escolhia e enchia as bochechas com as melhores bolotas caídas do velho sobreiro, com jeito atarefado e fugidio dos grandes olhos predadores do milhafre e, a cegonha-preta, procurava minhocas carnudas para alimentar a sua prol.
Azul era o guardião da Barragem dos Achigãs. Era um cavalo protector das águas azuis e puras e defendia as águas doces do Génio Negro das Águas.
O Génio Negro poluía e devastava todas as formas de vida que habitavam as águas celestes do planeta azul.
Mas o cavalo Azul era uma bênção enviado pela Mãe Terra àquele montado de sobros. Por isso, todos os animais viviam felizes na certeza de que o Génio Negro das Águas, jamais se aproximava do líquido precioso que saciava-lhes a sede, pois o cavalo Azul, os protegia do malévolo e das garras do mal.

Cavalo, cavalinho, cavalão. Assim termina a história com o bem no coração!

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Uma fábula bistrô inspirada num dos bons momentos vividos com o meu pai!

Ao céu e, a todos os pais do mundo, FELIZ dia do PAI!

7 de março de 2014

♀ M ♥

E a Primavera está a rebentar no seu esplendor. E porque nada é eterno, até o frio e a chuva dão lugar ao despontar da renovação. E porque todos os dias são novas oportunidades, amanhã, dia 8 de Março, comemora-se o Dia da Mulher. Mais uma oportunidade para lembrar belas e grandes Mulheres. Inconscientemente, escrevi ontem sobre mulheres e o mau feitio de algumas. No entanto, há Mulheres Senhoras que admiro como:

- A poetisa do séc. XX, Sophia de Mello Breyner Andersen, que nos deixou textos maravilhosos como "Histórias da Terra e do Mar e a menina do Mar...

- Amália Rodrigues, a rainha do Fado, que levou Portugal aos sete cantos do mundo.

- D. Maria II, 1819-1853, 31º Rainha de Portugal e dos Algarves, com o cognome de A Educadora ou a Boa Mãe, pela dedicação e educação que deu aos seus onze filhos.

- Brites de Almeida, mais conhecida pela Padeira de Aljubarrota, que ajudou Mestre de Avis a ganhar a batalha contra os castelhanos. Reza a lenda, que sete castelhanos fugiram e refugiaram-se na sua padaria, convencendo-os a entrarem no forno para se esconderem. A padeira acendeu o lume e fez assado castelhano.

- Ferreirinha, a Senhora Dona Antónia Ferreira, que dedicou parte da sua vida ao Vinho do Porto. Detentora de grande bondade e tenacidade, dedicou-se ao que é hoje, um ex libris português.

- Daniela Ruah, a actriz internacional portuguesa que participa na série norte-americana. É das mulheres mais jovens que também admiro.

- Madre Teresa de Calcutá, simbolo de Amor sem explicação, simplicidade e dedicação aos mais desprotegidos. A mãe de todos.

Sem ordem de reconhecimento, enumerei algumas, mas tantas outras, conhecidas ou no anónimato, que lutam, estudam, descobrem e tentam mudar mentalidades num mundo em constante metamorfose.

Dedico este post, a todas as grandes Mulheres de espírito, a todas as Mulheres que valorizam a sua natureza e a enobrecem, a todas as Mães, Avós, Amigas. À minha mãe, que permaturamente, já não convive comigo neste mundo, mas que cuida de mim do céu; uma grande Senhora e em muitos momentos dos meus dias, sinto a sua falta, de lhe tocar, de ouvir a sua voz, dos seus conselhos...Provavelmente, alguns obstáculos que se atravessaram na minha vida, teriam sido evitados se estivesse presente fisicamente. Mas a vida é assim; um aprendizado! SAUDADES 

Aproveitem bem o Sábado, façam o que mais gostarem, voltem a um local para recordar boas recordações, vistam o espírito de PODEROSAS, beijem e abracem, façam muitos brindes, cafoné ao namorado, ao marido, aos filhos, sintam e proporcionem o que dá mais prazer, pois são esses simples momentos, que alimentam a alma e a felicidade.

Ó Mulher! Como és fraca e como és forte! 
Como sabes ser doce e desgraçada!  
Como sabes fingir quando em teu peito 
A tua alma se estorce amargurada! 
...
 Quanta paixão e amor às vezes têm 
Sem nunca o confessarem a ninguém 
Doce alma de dor e sofrimento!              Florbela Espanca


6 de março de 2014

Pergunto eu...Primeira ou terceira fila?

Escolha viver a vida na primeira fila do que na terceira!


No meu espaço de trabalho estou rodeada de colegas do sexo masculino: 1#Desenhador, 1#Arquitecto e 1# Designer. 
Em casa, rodeada por homens (excepto a Maria e a Magali; a porca da índia e a frenchie). 
Na academia, muita mulherada, mas no combate corpo a corpo, impera o masculino.

Desde que me lembro que sou gente, recordo os melhores dos melhores momentos, com os rapazes, desde Maria-rapaz de infância à adolescência e idade adulta. As melhores amigas de infância, eram da mesma fornada que eu ou eu delas, onde o limite era o cansaço de viver o dia intensamente com brincadeiras de brincar ao touro, às aventuras dos Cinco ou do Tom Sawyer, ao gato empoleirado, a apanhar rãs e lagostins nos ribeiros e valas, corridas de bicicleta, acrobacias de saltos para a piscina, joelhos escalavrados e, as bonecas assumiam um lugar no escalafón muito abaixo do que era suposto.

Esta lengalenga toda para dizer que há mulheres desgraçadas de más! Elas são intrigas, indirectas, uma diz que disse à outra, uma por todas e todas por uma quando o assunto é rebaixar outra, o olhar típico de cima a baixo tipo leitura de código de barras....HORROR! Falta de nível, falta de amor-próprio, falta de segurança, falta de sentimentos bons na vida, mal amadas... Algumas mulheres quando querem, são mais cruéis que a própria vida.
Sim eu sei, sou do sexo feminino, mas recordo que invejava os rapazes, porque usavam calças e calções, não tinham período menstrual, podiam chegar tarde a casa e eram companheiros leais.

Delícia das delícias, foi quando quis aprender uma arte para homens e me disseram:
- “Lembre-se Dulce que não lhe vão pedir o Bilhete de Identidade quando estiver frente a frente com o pontudo!”
Aaaaah... Que bom foi ter ouvido tal. Estava com o meu pai nesse momento e senti-me a Mulher mais emotiva do Ribatejo mas com o arcaboiço racional de um verdadeiro Homem das Lezírias.

A vida tem algumas personagens femininas que tentam torná-la cruel.
(Também conheço algumas espécies masculinas, mas contam-se pelos dedos)
No entanto, há Senhoras e Senhores e a vida para eles é uma festa! E por gostar de andar sempre em modo festa, casei com um Senhor e tenho a sorte de trabalhar 7 horas e 30 minutos longe de intrigas.

Não é por acaso que os tornados e tempestades geralmente têm nome de mulher!
No entanto, no século XXI, a mulher tem ganho terreno aos homens. 
No entanto, se tiver de escolher, prefiro a companhia de uma Senhora ou de um Senhor. Ambos vivem no céu!

3 de março de 2014

Quem corre por gosto não cansa


Bom dia, bom dia! E a Primavera quase a chegar, tralala tralala...

Estava no banho, quando descubro uma, duas, três "pinturas" castanhas e verde azuladas numa perna, no cotovelo, no pulso...
Realmente havia qualquer coisa a mais que dava sinal de incómodo, mas nem me apercebi o que era; talvez porque nós mulheres, suportamos melhor a dor.

O mês de Março chegou e espero que com ele, menos chuva e mais sol! Altura para começar a deixar o corpo com menos roupa e usufruir dos raios do rei sol.
Ups! E agora...Com estas nódoas negras...Vou ficar linda de morrer. Vão olhar para mim e pensar: - Coitada, deve ser vítima de maus tratos. (Mas desenganem-se, e aconselho todas as mulheres, a saberem defenderem-se de forma rápida e eficaz.  De vítimas a heroínas. Eu confio no meu instinto Krav Maga, porque a intuição nunca falha).

Pois é, como diz o ditado português e como alguém me diz depois das minhas queixas, "quem corre por gosto não cansa" e é bem verdade.
O que é o esforço e as suas mazelas de uma actividade física, quando a motivação e o gosto tudo superam, até o cansaço e a dor?!


O cúmulo da dor, é sentir prazer com as consequências que se obtém dessa actividade, é ganhar uma força interior de completa satisfação, confiança, auto motivação e ficar impregnada de bem estar geral. 

Os bons lutadores nunca mostram a sua dor. Por isso, ainda tenho um longo percurso...ehehehhe
E o importante, é desfrutar de uma vida sã e SEMPRE, sempre com alegria.
Um viva às nódoas negras! 
KIDA!

Krav Maga is a Great workout, but it is also Fun!