Ilustração Dulce Guarda |
Kumiko, onde estás?!
Kumiko gostava de ir até
às margens do rio, deitar-se perto do leito e olhar para o céu e imaginar
animais fantásticos que se formavam com o tufar das nuvens brancas no azul
cândido e brilhante.
Depois da escola e do
trabalho no campo com sua mãe, vestia o kimono mais simples e lá ia saltitante,
por entre o verde e os rasgos de terra castanha que separavam os arrozais. A água
fresca e o verde por debaixo dos seus pés, moldavam a ideia para descobrir algo novo todos
os dias.
Certo dia, quando
brincava com os reflexos da água do rio, reparou que por entre as largas folhas e flores
dos nenúfares e o fundo negro da água, raios solares se enrolavam entre si;
Parecia até que o rei sol, tinha-se mudado para dentro do rio.
Kumiko, curiosa,
aproxima a sua face de porcelana, sobre o espelho da água, quando de lá de dentro, salta algo que a
deixa aterrada de medo. Era uma carpa!
- Não tenhas medo! - Disse
a carpa.
- Tu falas? - Respondeu
Kumiko admirada.
- Claro que falo! E vejo-te
brincar aqui todos os dias. Vim parar a este rio, na corrente da monção de
Agosto e por aqui fiquei, porque me encantei por uma menina de eterna beleza.
Tu! - Argumentou a carpa.
Kumiko estava impávida e
serena a ouvir a gigantesca carpa. Gostava do que ouvia e do que via.
- E como te chamas? - Pergunta
Kumiko
- Apenas Carpa -
respondeu o peixe.
- Então serás a Carpa
Dourada - disse Kumiko feliz.
Os dias passavam e em todos os dias, as duas amigas apareciam uma à outra e ficavam a conversar até
perderem a noção das horas.
Kumiko era uma menina
que tinha um forte desejo. Tinha nascido no campo, adorava a sua família, mas
queria estudar, queria sair da sua casa de madeira e biombos de papel de arroz,
conhecer o mundo.
Os anos passavam, muitas
Primaveras floriram e os flocos de pétalas dos pessegueiros salpicavam as
margens. E Kumiko crescia na companhia e na sabedoria da Carpa Dourada.
A Carpa Dourada conhecia
o desejo de Kumiko em
partir. Mas sabia também do obstáculo da sua família, que pouco
abastada, punha fim ao sonho da sua menina.
Passavam-se os dias e
Kumiko continuava determinada em ir atrás de conhecimento.
Foi então que a Carpa
Dourada, fazendo jus ao seu tamanho, se ofereceu para ajudar.
- Vais ao palácio do rei
e dizes-lhe que tens a maior carpa de todos os rios da China e em troca, pedes
ajuda para aprenderes o ofício que tanto desejas. - Disse a carpa a Kumiko.
- Mas se eu contar ao
rei da tua existência, virão buscar-te do rio amarelo, da tua casa! – Exclamou Kumiko
triste.
- Vai e faz o que te
digo. – Retorquiu a carpa.
Numa tarde de Verão,
Kumiko leva o imperador e os seus serviçais até ao rio onde a Carpa Dourada
aguardava majestosamente o seu novo dono, de bigodes encaracolados, de escamas
reluzentes ao sol, que nem pepita de ouro.
E assim aconteceu...
A Carpa Dourada trocara
a sua liberdade, pelo sonho de Kumiko, que crescera no desejo de partir e
estudar.
A magia superava a
dificuldade!
Agora, num novo jardim,
num lago imperial, habitava uma carpa. A Carpa Dourada!
E todos os dias, a Carpa Dourada, olhava
o céu, e as nuvens que passavam com o vento e murmurava para si mesma:
- Na vida longa,
encontrei a perseverança de uma jóia rara.
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!Mais uma fabula bistrô!
Mais uma fábula bistrô = Fantástico
ResponderEliminarBeijinhos
Elsa Mau