Tal como o "Azeite"
e a "Água" - Impossível fundirem-se!
Assim foi, ontem, na RTP1, no programa "Prós e Contras" com o debate sobre a Festa Brava.
Assim foi, ontem, na RTP1, no programa "Prós e Contras" com o debate sobre a Festa Brava.
O tema abordava o
toiro, ou o "boi", (como alguém apelidou, que é o mesmo que chamar
zebra a um cavalo), as touradas e o que está associado.
Em tempos, conheci e
vivi o mundo integral do Touro Bravo; Animal de porte imponente, de grande
nobreza e bravura inata.
Nasci e cresci numa
terra que vive da Lezíria Ribatejana. Tenho amigos e conhecidos que fazem do
Touro a sua vida e com que alimentam a sua prol, as suas famílias.
Por isso, foi difícil
ficar indiferente. E sem querer ferir susceptibilidades, ainda
tenho a liberdade de ter opinião e registar no meu blog.
Aquele estúdio de
televisão aqueceu com os argumentos de ambas as facções - Taurinos e Anti-Taurinos.
As pessoas
insurgiram-se umas com as outras, atacaram-se, trocaram palavras de arrogância... Confesso, que em algumas argumentações e
testemunhos, fiquei boquiaberta com a ignorância cultural e fóbica de alguns
intervenientes e ainda outros, comédias com braços e pernas.
O que é real, é que
nada é perfeito e o mundo cada vez mais agoniza com tanta falta de respeito mútuo.
Vivemos no mesmo planeta e todos diferentes, todos iguais - Tolerância,
caramba!
Desde que o mundo é
mundo, nunca houve um consenso geral. Impossível agradar a gregos e a
troianos. E refiro-me às raças, à política, à religião, à cultura de cada
povo.
Portugal é das nações
mais antigas da velha Europa, com identidade, tradição e cultura próprias, e por essas raízes e herança secular, os defensores e
intervenientes da Festa Brava são chamados de assassinos, bárbaros...?
Depois a ligação do
ser vegetariano com o não tratar mal os animais! Por vezes, imagino as alfaces
com olhos arregalados a gritar: "- não, não me arranques da terra para a
salada!"
Utopia e radicalismo à
mistura.
E o mundo sabe que há
trabalho infantil, racismo, que há pedofilia, que há clubes miseráveis de
podridão e escravatura sexual, maus tratos humanos, exploração desenfreada da
natureza, políticos corruptos que minam e arrasam sociedades, abusos e
assédios, fugas ao fisco de quem tem muito e quer ainda mais, animais usados em
experiências, impunidade da justiça, pobres cada vez mais pobres, ricos cada
vez mais ricos à custa de outros, liberalização de armas, centrais nucleares,
escravidão, tráfico humano e de droga, os milhões no futebol, ao invés de serem
investidos na saúde, nas escolas, em casas de repouso para os que trabalharam
anos e que merecem um Outono de vida com dignidade, filmes e novelas em horário
nobre nos canais televisivos que incentivam ao ódio e a maus exemplos,
"máfia" nas catacumbas e Lojas por esse mundo onde controlam governos
supostamente democráticos, Constituições (no nosso caso, republicana) ditas
democráticas que têm tudo menos liberdade e democracia, entre coisas mais.
E por isto? Onde estão
as minorias defensoras dos desprotegidos ou as leis penalizadoras dos altos
responsáveis mundiais? O que fazem? Alguém se insurge?! NÃO!
E depois, aparecem
grupos preocupados, com causas como o término da Festa Brava, algo que está
registado no ADN dos portugueses. Para grandes causas, grandes efeitos...Será
esta uma pseudo-grande causa, para ter o enorme efeito de acabarem com o Toiro
e o seu mundo?
Tudo isto, para uns é
normal, para outros, impensável e para outros, tanto faz!
O que falta mesmo, é o
RESPEITO, a TOLERÂNCIA, a VERDADE...
Alguns anti falam com
tamanha revolta, que o ideal da picaria, seria inverter os papéis; Aficionado
seria o touro e o touro seria o que cravava as famigeradas bandarilhas no
costado humano. Sabemos que isso é utopia, síndrome da disney, fuga à
realidade. Não é por aí a defesa da causa. Nem tão pouco, atribuir à ONU o
poder de se insurgir contra a nossa cultura.
Será que estamos a
passar um atestado de incompetência a nós próprios? Chegámos ao ponto de
perdermos a nossa identidade e domínio nacional?
Os taurinos, usam a
palavra cultura e tradição em sua defesa e a argumentação de que o toiro não
sofre. Estudos científicos, provam que o toiro, durante a lide não sofre. No
entanto, depois de ser lidado, são-lhe retiradas as bandarilhas. É como uma
tareia tamanha ou queda...dói depois que esfria. Era preferível uma morte digna
e rápida, do que o regresso aos curros ou o seu transporte, feridos.
Os anti, são
repetitivos, subversivos, teatrais e perdem a força de argumentação por não
empregarem os termos correctos na defesa do ideal (“marradas”, “chifres”,
“boi”, “espetar”, são alguns dos termos).
A dialéctica de uma causa, para ser forte e
credível, necessita de termos condignos e um conhecimento científico e histórico-social
geral, neste caso, sobre a tauromaquia.
E tão desumano é
perceber o jubilo de alegria dos anti, quando alguma personagem taurina sofre
um acidente ou quando erra em arena (cornadas ou percalços na vida).
Caracterizando as duas facções:
- O taurino defende as Corridas de Touros, não
quer deixar morrer o Touro Bravo, o Cavalo Lusitano de carácter toureiro, o Toureiro, o Cavaleiro, o Forcado e o Campino, o Sastre, o Artesão, como o embolador...
e defende um ecossistema ímpar em redor do habitat do rei Taurus, tal como o equilíbrio na biodiversidade de espécies na lezíria ribatejana, nas planicíes e montados alentejanos ou por terras de Portugal insular - Ilha Terceira, já para não falar da importância sócio-económica.
- O anti-taurino, supostamente
defende o touro e o cavalo, preocupa-se com o impacto psicológico bárbaro nas crianças (não será pior a violência nos estádios de futebol, os jogos diabólicos para as consolas...?) e é a voz das duas personagens que não
podem expressar o incómodo do convite para a festa.
Por isso, e porque
nunca se vai chegar a um veredicto final que satisfaça as duas facções, o ideal
seria fomentar a TOLERÂNCIA. É difícil, pois é, mas só há um planeta habitável,
com povos e culturas díspares.
Ah...se alguém
conhecer o planeta "Paz e Amor" digam-me, porque eu mudo-me de malas
e bagagens para lá!
Seria bom desenvolver
o poder de argumentação de cada um, sem raiva, frustrações e mal dizer.
Ódio gera mais ódio!
Enfim...Fé e Esperança
que haja um dia divino, em que pontos de exclamação, reticências e
interrogação, transformem-se num ponto final.
Mas "Azeite" e "Água" fundirem-se?
Quem sabe um dia. Que é o mesmo que dizer... Nunca!
Dulce Guarda
Quem sabe um dia. Que é o mesmo que dizer... Nunca!
Dulce Guarda