Ilustração Madalena Guarda |
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Estava uma noite serena, depois de um dia solarengo, com a areia da praia a escaldar e nas dunas, a erva atlântica tremia desfocada na linha do horizonte, como que a derreter com os raios do sol que faziam saltar os diamantes do mar à superfície.
A lua e as estrelas no céu azul escuro, iluminavam agora o mar tranquilo que se aninhava na moldura que Luzia contemplava. Num tronco envelhecido pelo sol e esbranquiçado pelo salgadiço da maresia, estava Luzia, uma camaleão que tinha um sonho; Ser surfista!
A lua e as estrelas no céu azul escuro, iluminavam agora o mar tranquilo que se aninhava na moldura que Luzia contemplava. Num tronco envelhecido pelo sol e esbranquiçado pelo salgadiço da maresia, estava Luzia, uma camaleão que tinha um sonho; Ser surfista!
Luzia era exímia equilibrista nos troncos finos e grossos da tileira do adro da igreja de uma vila de Tavira. A igreja onde todos os domingos, os pescadores vinham com as suas melhores roupas cantar e rezar ao Pai do Céu, pelas graças de vida no mar alto.
Gostava de baloiçar-se nos ramos da árvore ao som daquela música angelical e até acompanhava com o compasso do vento. E brincar às estações do ano? Super divertido...Uns meses mudava de verde para um tom mais vibrante de verde com as cores da fruta à mistura. Outras vezes vestia-se com amarelo acastanhado e cinza, noutras vezes com as cores das flores. E gostava de estar lá no alto, como se voasse com as suas amigas andorinhas que a visitavam assim que a primavera despontava.
Algumas vezes, Luzia descia da tileira para beber água, ou quando os seus olhos orbitais miravam um delicioso gafanhoto com sabor a tarte de bróculos, ou para esticar as patas nas pedras da calçada. Porém, sentia-se insegura e exposta como uma formiga perdida do seu formigueiro e, um pé dentro de um sapato, era o equivalente a um arranha céus que podia desmoronar o seu pequeno mundo.
Mas o que a camaleão Luzia gostava mesmo, era de perder-se no infinito do mar, no beijo do céu com o mar, no som das ondas a enrolar as conchas e as pedras e do som do rebentamento das ondas na areia, como se cortassem a meta, depois de tantos saltos por entre as correntes, as rochas, os animais marinhos, os barcos,...
Todos os dias, imaginava-se a descer da sua árvore e a entrar no mar, pata ante pata, com uma prancha longboard feita com o tronco velho que tinha como companhia nos seus monólogos do dia, quando vinha contemplar a imensidão azul de água, uns dias esmeralda, noutros dias translúcida e ainda acinzentada quando o céu triste chorava.
Uma certa noite, ganhou coragem e com um andar cambaleado, chegou junto à espuma das ondas, fechou os olhos, apertou as patas na areia e desejou muito:
- Quero apanhar uma onda e sentir os salpicos do mar!
Dito e feito! Quando deu por si, estava no dorso do golfinho Simbra, que viajava nas correntes quentes do mar do Sul e todos os anos via a pequena camaleão, de olhos brilhantes com o pensamento no mar.
Foi uma noite inesquecível. Um dia muito especial para Luzia, pois viu realizado o seu maior sonho.
Onde já se viu uma camaleão surfista?!
Não digam a ninguém, mas eu vi um camaleão na barbatana dorsal de um golfinho como se apanhasse uma onda, feito surfista havaiano. ALOHA!
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Hoje...soltaste verdadeiramente a criança dentro de mim.
ResponderEliminarHoje... revivi os meus tempos de criança.
Que bom :)
Beijo grande
Fico super feliz pela minha criança ter brincado com a tua!
ResponderEliminarVolta sempre...é um prazer.
Beijinho pa ti e muita bochecha sorridente =)