Ilustração Dulce Guarda |
Tedros vivia com a sua tribo em terras da Etiópia. Um vale encantador e verdejante de África.
Tedros, antes de ir levar o gado a beber água, gostava de adornar-se.
O ritual dos adornos e das cores, aproximava-o mais dos seus antepassados e dos espíritos bons da Mãe Terra. O seu irmão arco-íris fascinava-o e as suas cores protegiam-no do mal.
Certo dia, seu pai viajou com os seus homens guerreiros, até às montanhas, liderando a caravana. Uma viagem longa e distante até à cidade para vender gado e peças de barro que na sua aldeia tribal, homens, mulheres e crianças produziam.
Durante a ausência do pai, Tedros sentiu a responsabilidade de proteger a sua aldeia, mulheres, crianças e anciãos, pois quase todos os homens tinham partido. Assim, ficava todas as noites de vigia ao gado, aos ataques de felinos como leoas, chitas e também hienas incomodativas com o seu latir sarcástico.
A lua adormecera naquele dia, e a escuridão da noite cobria todo o vale.
Tedros pouco via a um palmo dos seus olhos gigantes e os seus lábios absorviam o calor seco e a poeira pacata que se soltava do chão com o vento alisio que por vezes passava.
Dada a escassez de água, os animais selvagens, aproximavam-se cada vez mais da aldeia e do rebanho de cabras. A dada altura, um jovem leão, de juba pouco farta, mas gigante de tamanho, preparava uma emboscada por detrás das acácias e mimosas secas do vento e sol tórridos.
Esfomeado e sem parceira para lhe oferecer a caça, avançava em passadas silenciosas e estratégicas até à presa eleita. E a sua presa era tão-somente, a tribo deTedros.
Tedros adormecido junto a um arbusto, desperta com um bafo quente e respiração ofegante de fome. Não percebia se sonhava ou se era um leão que o saboreava antes mesmo de o devorar.
De repente, um rugido pronunciava o destino de Tedros...Acabar na barriga de um leão.
Tedros, de olhos vidrados e sem conseguir gritar, implora a misericórdia de Deus pela sua alma, quando da sua cara, brotam feixes de luz branca, cada vez mais intensos, e mais e mais, desenhando à sua volta um halo, um anel de luz, tal como a sua irmã lua.
Amedrontado, o leão recua, hipnotizado com a Luz que rodeava Tedros.
Tedros, era um presente de Deus, enviado para uma aldeia que um dia iria ficar desprotegida, como filho de um rei tribal em terras da Etiópia, que perante um prova de morte, ganhou vida eterna. E por isso, em toda a África, recorda-se o "Príncipe da luz" pintando as suas faces, para recordar a alegria, a presença e a protecção de Deus.