"Porque escreve tanto sobre momentos da vida?
Porque escreve de uma forma de ter vivido tanto e com pouca idade?
Porque escreve com sentimento e alma os textos do blogue? Já os viveu?"
...
Hoje, o post do diário não é a rubrica "Pergunto eu..." mas sobre o que me perguntaram e por isso respondo assim...
A minha vida começou quando acabou um parágrafo importante dela. Quanto mais dois parágrafos!
Quando nos apercebermos que a nossa existência deve-se a dois seres que já não são personagens da nossa história física, o mundo estremece e adopta-se uma nova forma de encarar a realidade.
À medida que o tempo avança, encontram-se muitos cenários, muitas personagens, muitos enredos...
Ou se está sozinho, ou protegido e, mesmo na protecção de guardião, há sempre luz ou treva.
Cabe a nós, a percepção e o livre-arbítrio para trilhar um dos caminhos. E viver é isso mesmo. Experienciar o frio e o calor, a certeza e a dúvida, a verdade e a mentira, o bom e o mau...
Na minha vida, na minha modéstia existência, na minha morada física e espiritual, já vivi muitas destas sensações e outras concerteza virão. Talvez por isso, escreva sobre momentos de vida, e não economize palavras com sentimento e alma.
E antes que seja tarde, porque a vida é tão curta, escrevo. Tal como rezar é alimento para a alma, escrever é um estado de alma, bela liberdade de pensamento.
E quando a morte olha de frente, não uma, mas duas vezes, é como renascer de novo, e foge-se das "não há duas sem três", porque achamos que ainda não é o tempo para a definitiva viagem.
Da primeira vez, uma aventura, uma boa vivência de adolescência; Da segunda vez, uma aventura do nada, o sugar de alguém que sacia o seu vazio infeliz, o seu "canibalismo" doentio, contaminando uma vida serena, uma família.
É imperativo interrogar o destino, e eu perguntei:
"- Será que já acabou a minha participação nesta história? "
"- É este o meu destino, longe da luz, longe de Deus?
Por isso, ganho mais tempo a escrever do que a construir castelos nas nuvens, para não esquecer do que fiz e do que não quero fazer, porque quem quase morre está vivo, mas quem quase vive já morreu.
Quando chegamos a um patamar de vida, a uma certa idade espiritual, já vivemos coisas maravilhosas e outras pelo contrário. Já abrimos e fechámos portas. Já conhecemos pessoas e Pessoas. Já sentimos os opostos de sentimentos. Já amadurecemos o suficiente para entender as entrelinhas. Já reconhecemos os erros e o que há a evitar.
Atingimos a serenidade. Sabemos o que queremos. Percebemos o que vale a pena investir e colher da árvore da sabedoria. Valoriza-se quem temos ao nosso lado e agradecemos ao Divino por ter aquele Amigo que está ao nosso lado há mais de vinte anos. Já não se faz jeito para agradar. Gosta-se ou não se gosta. Não há meio termo. Já não importa se gostam de nós ou não.
Acabaram-se as disputas com o espelho. Acredita-se que tudo o que vivemos teve e tem um propósito, mais não seja, para escrever com alma e paixão e deixar legado.
Imaginem que sabiamos que nos restava pouco tempo de vida.
Quem escreve, poderá recordar os seus relatos até ao último sopro e lembrar para sempre a sua história, pois todos somos únicos e cada um com a sua novela da vida real. E cada um com a sua importância, pois não há melhores nem piores, apenas diferentes caminhos, diferentes maneiras de encarar os desafios da vida.
E quem sabe, o tempo que ganho a escrever resultará na biblioteca de alguém que adore o cheiro dos livros, nas mãos de alguém que numa tarde fria ou quente, esquece o mundo electrónico, dos computadores, dos telemóveis, do wireless e aconchega nas mãos, um relato de vida romanceado.
OH LA LA
Viver e escrever é uma coisa maravilhosa!
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E se não gosta de escrever, fica a dica:
Quando encontrar uma frase ou frases que goste, escreva a mensagem numa pedra e coleccione e, todos os dias, escolha uma diferente e faça dela a sua oração, o seu mantra.
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